quarta-feira, 5 de abril de 2017

Os caminhos dos Hupd’äh – Memórias e Documentação

Exposição Fotográfica

Os caminhos dos Hupd’äh – Memórias e Documentação

 Daniel Pereira e Renato Athias 
II Encontro de Antropologia Visual da
América Amazônica
UFPA - Novembro de 2014
Laboratório de Antropologia visual - PPGA- UFPE




Este ensaio fotográfico é sobre os Hupd’äh, povo da floresta, que vivem em uma zona interfluvial do Rio Tiquié e Papuri, na região do alto Rio Negro, Amazonas. Eles tem a Floresta como central em todas as suas atividades cotidiana. E é de onde tem seus olhares para o resto do mundo. Essas fotografias fazem parte do acervo do Laboratório de Antropologia Visual da UFPE, essa exposição  mostra a intimidade que esse povo tem com floresta, dando assim mais visibilidade a esses índios, que participam do mesmo complexo cultural de todos os povos da área do Alto Rio Negro. As fotografias foram realizadas, nessa região, nos anos de 1983 e 1984.
Os Hupd’äh, (= gentes)  habitam a região interfluvial do Rio Tiquié e Rio Papuri, afluentes da margem esquerda do Rio Uaupés na região do Alto Rio Negro, Estado do Amazonas. Eles são conhecidos como fazendo parte da família linguística Maku e estão em contato com as frentes de colonização desde o século XVIII e têm-se notícias que ocorreram inúmeras epidemias de sarampo, varíola e gripes que dizimaram parte da população. Atualmente, estão distribuídos em mais ou menos, 35 aldeias (grupos locais), estimados em um total de 1.500 indivíduos. As aldeias dos Hupd’äh estão em geral próximas aos povoados Tukano, Tariano, Tuyuka e Piratapuia, povos falantes de línguas da família linguística Tukano, habitantes das margens dos igarapés e rios da bacia hidrográfica do Rio Uaupés.
Uma das características dos Hupd’äh é a relação histórica, permanente e complexa, que estes mantêm com os índios Tukano, Desana, Tuyuka e Tariano, habitantes dos Rios Uaupés, Tiquié e Papuri. Esta relação interétnica  peculiar faz parte da tradição dos povos desta região e merece ser preservada como forma de garantir o equilíbrio cultural dos povos dessa região. E já foi descrita como simbiótica, assimétrica e hierárquica, ou mesmo como relações patrão-cliente. O comportamento dos Tukano, é justificado através dos mitos que contam a origem dos povos da região. Os Hupd’äh, de acordo com versões Tukano do mito de origem, foram os últimos a sair para este mundo. Conseqüentemente, são considerados como sendo inferiores, os menores de uma escala hierárquica que regula as relações interétnicas em toda a bacia do rio Uaupés e, por isso, sujeitos a realização de trabalhos ditos inferiores, que apenas os clãs mais baixos na hierarquia realizam.

Os Hupd’äh como caçadores conhecem profundamente a floresta e trabalham  pouco a agricultura extensiva como seus vizinhos. Estão dispersos em mais de 20 clãs. Cada um dos clãs reconhece um ancestral comum e um conjunto de práticas cerimoniais de conhecimento próprio de cada clã. Os casamentos se dão entre os diversos clãs, pois no interior de um mesmo clã é considerado incestuoso. O homem casado pode residir tanto no grupo local do pai, o mais comum de se encontrar, como também pode residir no grupo local do sogro. E como todos os grupos indígenas do Alto Rio Negro praticam o Dabucuri e celebram o Jurupari até hoje mantém os seus próprios kapi-vaiyá.


Os Hupd’äh vivem em aldeias pequenas, esses grupos locais [hayám]  tem  uma população que pode variar de 15 até mais de 50 pessoas, e geralmente cada grupo local compreende membros de um ou dois clãs.  As atuais aldeias que superam esse número de habitantes foram encorajadas e incentivadas pelos agentes missionários. Cada grupo local é formado por vários grupos de fogo. Estes representam a unidade mínima de produção e consumo e é geralmente formado por uma família nuclear e, em alguns casos, de agregados. Os grupos locais estavam localizados nas cabeceiras dos pequenos igarapés afluentes dos Rios Papuri, Japu e Tiquié. Os membros de um grupo local perambulam dentro de certo perímetro, tendo sempre como referência um dos igarapés, porém não migram para além deste território específico. Quando saem, por um espaço de tempo determinado, tem a ver com visitas a aldeia dos sogros ou um período de caçadas. Essas visitas são periódicas e representam um elemento importante na regeneração dos recursos renováveis da área onde os grupos locais estabelecem suas aldeias. Ocorre que, freqüentemente, os indivíduos de um grupo de fogo podem du­rante o ano passar de um grupo local a outro permanecendo por curtas ou grandes temporadas. Aliás, estas longas visitas em outras aldeias é um fato comum, e sempre há uns visitando outros. A capacidade de mobilização dos Hupd’äh impressiona pelo fato de co­nhecerem todas as trilhas [tíw hup] existentes e a localização de todos os grupos locais.
Dipú Pung-dëh


Hõp Kokoai

Tiw Ke'ei

Adão Tah Dëh

O grande Bihit  Kokagteh'in

 Húnt'úin

Os Meh Tew

Kokoai

 Koap Té-in

 Mari-Pung dëh

Mehtew 

 Yamindó-ai

Móin 

Téh-ai

 Doh'ré

Téh-áin 

 Te Kã'ãi

 Máin Kurui

 Hup-Tok ëgói

Indé 

Ip, In, Téh 


Aiup Mehtiw