Os Símbolos de Odé / Oxossi
Da Coleção Xangô do Museu do Estado de Pernambuco
Renato Athias
Na Coleção Xangó de objetos de cultos afro-brasileiro que faz parte do acervo do Museu do Estado de Pernambuco encontram-se três objetos confeccionados em ferro correspondente a principal imagem na cosmologia Yorubá que se relaciona ao Orixá conhecido como Oxossi e Odé. Não se pode saber de onde estes objetos foram retirados. Pois, a Coleção Xangô é formada por objetos quer estavam de posse da Polícia Civil de Pernambuco, com evidência de crimes. Estes objetos foram retirados de diversos terreiros, durante a perseguição aos centros de culto na década de quarenta do século passado.
"O seu símbolo é o ofá, um arco e flecha, que faz referência a sua linhagem nobre do povo de Ketu, localizado onde hoje é a Nigéria. Não à toa, os seus filhos costumam ter o comportamento altivo, elegante e mantêm a cabeça aberta para novas ideias, sem abrir mão de seus planos pessoais." É o arco e a flecha na mão, assim é representada a imagem de Odé / Oxóssi, um dos principais Orixás no Candomblé e na Umbanda. Este Orixá que está ligado por excelência a natureza, ele enaltece tudo que a mata nos proporciona e sabe usá-la perfeitamente, conforme a necessidade." Com um caráter protetor e esperto, Oxóssi traz consigo o arquétipo do homem provedor e cuidadoso." Estes objetos de ferro da Coleção Xangô possuem as seguintes dimensões: 12cm de comprimento e 20cm de largura são de uso obrigatório no assentamento dedicados este Orixá.
Sua saudação é conhecida como "Oke Aro!" ou também "Oke! Oke! Aro" era a mais importante família real do território Ketu, da qual Oxóssi era patrono. Ainda, Oxóssi é tido como filho das entidades conhecidas como Oxalá e Yemajá. Ligado as matas, portanto caçador, daí o símbolo do arco e a flecha. O seu nome provém do Yorubá, e possui significado de guardião popular. Oxóssi é considerado o Rei de Ketu, diz a mitologia, pois livrou a população de um dos pássaros de Eleyé, quebrando assim um feitiço que este lançava sobre eles. Diz a mitologia que Oxóssi não precisa de mais que do que uma flecha para atingir o seu alvo, por sinal desta forma que ele abateu este pássaro. Por isso ele é também chamado de Otokan Soso, que é um Okiri com o significado de: guerreiro que precisa somente de uma flecha, pois nunca erra o alvo.
Oxóssi / Odé é o orixá da caça que chefia a linha de caboclos e caboclas, entre eles Urubatá, Araribóia, Caboclo das Sete Encruzilhadas, Cabocla Jurema. Também lembrado pela sua relação com a vegetação, protetor das causas difíceis, guardião dos alimentos e remédios. No Rio de Janeiro e Porto Alegre é sincretizado com S. Sebastião e festejado por isso em 20 de janeiro. No Xangô de Pernambuco é sincretizado com S. Jorge, cujo dia de festa é 23 de abril. Seu dia da semana é quinta feira, sua comida predileta o axoxó, feijão fradinho torrado, inhame e arroz. Sua roupa é azul e verde no candomblé e na Umbanda verde. Usa ainda um capacete de metal prateado, couraça prateada e na mão leva um arco e flecha denominado ofá além de um iruquerê, espécie de cabo de madeira, osso ou metal com uma cauda de cavalo presa.
Oxóssi/ Odé também se faz mais presente nos ambientes solitários e isolados, não apreciando coisas complexas ou que tirem a sua liberdade intrínseca. Junto a Ogum, Oxóssi também é a força que impulsiona o desenvolvimento e o avanço das populações, conferindo ao ser humano o instinto de explorar novas áreas. Este Orixá é a energia das grandes amizades, pois, como o líder da tribo, Oxóssi sabe o valor da união e que ela é fundamental para a sobrevivência. Suas cores são os tons de azul e verde e seu símbolo principal é o ofá, o arco e flecha.
Referência:
Prandi, Reginaldo e Rafael, Pedro. 2000. Mitologia dos orixás. São Paulo: Companhia das Letras