O Poranduba Amazonense de João Barbosa Rodrigues e o Jurupari
Eu visitei museus dos missionários que expõem objetos da cultura dos povos indígenas com os quais trabalho e venho trabalhando nessas últimas décadas. Nesses mesmos dias em que estava fazendo essas visitas (relacionada, ao meu projeto de pesquisa antropológica sobre objetos etnográficos), neste museu, na Itália eu vi com muita emoção a quantidade de objetos rituais dos povos indígenas guardados em gavetas na reserva e, em exposições nos museus.
Evidentemente estes objetos mostram a ação dos missionários que trouxeram para fora dos territórios indígenas um cem número de coisas que foram deixadas pelos ancestrais dos povos indígenas e interpretadas pelos missionários como sendo objetos do diabo.
"Poranduba Amazonense" é o livro de João Barbosa Rodrigues (1842-1909) foi recentemente reeditado em uma bela edição. Obrigado Nonato @raimundononatops pelo belo presente quando estive recentemente em Manaus.
João Barbosa Rodrigues viveu em Manaus quando ele criou o Museu Botânico da cidade, no final do século XIX (1874). Era um conhecedor profundo da língua Nheengatu, e neste livro ele edita, em uma edição bilíngue, em uma tradução primorosa, nheengatu e português 54 mitos dos povos desta região.
Neste livro ele tem um texto comentando o termo Jurupari. E faz uma crítica aos missionários que insistiam em ver o diabo nas manifestações culturais indígenas.
Vale a pena ler o maravilhoso texto de João Barbosa Rodrigues, onde ele descreve sobre a tradução do termo Jurupari como sendo diabo, e, onde ele mostra como os missionários insistiram nesse erro linguístico e mitológico.
(Renato Athias)
mais sobre esse assunto:
https://renatoathias.blogspot.com/2020/02/#846413060743094270